domingo, 20 de agosto de 2017

De onde vem a ansiedade?

De onde vem a ansiedade? 
São tantos motivos, muitos que eu compreendo e outros que eu não faço a mínima. Apenas sinto. Sinto muita vontade de chorar, de ser acolhida e também de fazer cocô. Hoje eu fiz cocô umas quatro vezes em menos de duas horas. Acho que existe uma espécie de poesia nisso. Quando eu jogo pra fora, eu me alivio. O que acontece às vezes é que não sai nada. Nem cocô, nem lágrimas, nada. Eu só me sinto mal. Sinto que meu coração vai sair pela garganta a qualquer momento. Sinto raiva de não conseguir levantar da cama. Ou de não conseguir corresponder aos cuidados dos meus pais. Sinto medo de chegar atrasada. Ou medo de chegar cedo demais. Medo de demonstrar o que eu sinto e sufocar o mundo com esse turbilhão de sentimentos que habita em mim. Medo de não demonstrar nada. Mas meu maior medo no momento é o de não ser capaz de sentir coisas que não me pertencem mais. A reciprocidade do olhar, do desejo, do cuidado, do amor. Não só em quesito de relacionamentos amorosos mas em tudo na vida. Às vezes as coisas simplesmente perdem a graça pra mim, de um dia pro outro. E me restam só coração acelerado e vontade louca de chorar e fazer cocô. Eu poderia negar todas essas dores com a intenção de não perder mais tempo com o sofrimento. Minha mãe vive falando isso: "você está perdendo muito tempo com isso, minha filha. Pare de sofrer!" E aí certo dia, num momento de ansiedade, eu resolvi seguir o conselho dela, me olhei no espelho e gritei: "Ingrid, já chega. Pare de sofrer!" Não deu certo nesse dia e nem na outra vez que eu tentei. Mas houve esta vez, sem mais ordens ou negações da dor, que senti que o sofrimento ainda estava ali mas eu conseguia conviver com ele. Respirar várias vezes me ajudou. Colocar uma música que eu gosto bastante também. Fechar os olhos e falar com Deus tudo o que eu sinto, chorar sozinha ou chorar perto de alguém, sem precisar explicar nada. E então, eu parei de me perguntar "de onde vem a ansiedade" porque entendi que ela faz parte de mim. São como espinhas que vez ou outra aparecem no rosto e doem. E às vezes você cutuca e tenta resolver mas elas continuam lá, até no momento certo, sumirem. É claro que em algum momento as espinhas vão voltar. Mas eu não quero mais cutucar, eu não quero mais forçar as espinhas a saírem do meu rosto ou me esconder com uma base de alta cobertura. Eu quero olhar pra mim e dizer: eu sei, vai passar. 

Nenhum comentário: